quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Primavera



   E na mesma primavera em que um amor se foi, outro chegou. O primeiro nunca me deixou de verdade, apesar da primavera ser "a mesma", levou tempo entre uma e outra.
   Passei por um quente verão, quente em seus acontecimentos e lembranças, e quando o outono chegou, vi suas folhas caírem em companhia amiga. Mas cada folha que caía me trazia à tona a árvore seca em que estava me tornando. Sequei por dentro sem perceber e iniciei meu inverno em tormenta de meu ser. Julho foi mais quente que frio e ainda assim era frio demais para mim. Frio de querer, de poder. O gelo de fora me congelava os olhos e pensamentos. Sem perceber sequei mais outro amor.
   Esse se secou talvez porque nunca tenha tido raiz, pode ser também porque o outro fosse como erva daninha enraizado em mim, me fazendo lembrar as flores, os flocos de neve que nunca vi e o cheiro das folhas secas das estações passadas que, feliz, eu vivi!
   Entrei na primavera, novamente inundando meu ser em pranto. Outrora fechei-a assim, pois quando aconteceu já estava no meio, mas era quase o fim. Dessa vez o pranto, sem querer, trouxe pelas águas algo comum à mim. Me lembrava o verão por que era quente e trazia calor ao coração, mas era tão incessível quanto querer verde da folha que morta, cai seca.
   O frio, que no meu estômago causava, lembrava o frio do inverno, mas parecia tão bom quanto um chocolate cheio de marshmellows. Gosto de chocolate e do frio também.
   Essa primavera teve pouco calor e ainda não vejo as flores, mas meu coração brotou e nela vi adormecer aquele outro amor.

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